domingo, 11 de julho de 2010

Sobre o que aprendi

antes de tudo uma dica para caso algum estudante novato em faculdade venha parar aqui: jamais seja olho grande na hora de puxar matérias! Isso no final de período dá uma enrolação tremenda, por isso as postagens dos últimos dias estão tão inscontantes...e ainda tenho mais 2 semanas de provas! Salve-se quem puder!

[30º Dia] - 08/07/2010
E chegou o último dia! É estranho reler algumas passagens do blog e ver que, embora a ideia tenha sido escrever sobre meu primeiro mês, já estou no terceiro e ainda escrevendo. Comecei no início de maio e de lá pra cá, tirando os pontos facultativos, recessos, chuvas bíblicas, jogos do BraZil e aqueles dias que fiquei sem ir por ter torcido o pé...só no dia 08/07 é que cumpri 30 dias de estágio!
Na aula em si as coisas seguem de forma tranquila: muita agitação, alunos faltando, sumindo, outros aparecendo e se destacando, alguns do fundo da sala de 2 meses atrás são os primeiros da fila agora, outros persistem na resistência ao óbvio e vão levando as aulas com pouca ou nenhum seriedade.
O trígésimo dia em si não trouxe nada de especial e emblemático, foi um dia típico. Vou usar o espaço então para uma retrospectiva e alguns esclarecimentos.

[5 pontos fundamentais sobre o que aprendi]
Abaixo a síntese de minhas experiências com o estágio até aqui:

NINGUÉM TEM O CONTROLE DA SITUAÇÃO. O que nós temos é a sensação de controle ou, por experiência, as martimanhas para conseguir contornar algum acontecimento inesperado, mas nunca  podemos entrar numa sala de aula, achando que do início ao fim tudo vai ocorrer como planejado. Não vai.
É preciso estudar muito, ler bastante e ser dinâmico, dinamismo é a palavra chave para qualquer um que queira se aventurar na área de educação. Ninguém gosta de uma aula parada e repetitiva, por mais esforço que você tenha desempenhado para elaborar alguma atividade, sempre tenha outras de reserva e várias cartas na manga, porque se não se pode prever o andamento de uma aula, ao menos pode-se preparar para os imprevistos. E acredite, os imprevistos são o que de mais previsível vai acontecer.

OPINIÃO DE ALUNO TEM QUE SER CONSIDERADA...COM RESSALVAS. Eu ainda sou um aluno e se tudo correr bem serei ainda por um bons anos, mesmo assim é preciso admitir que opinião de aluno NUNCA deve ser levada ao pé da letra. Aluno reclama sem saber o porquê, aluno gosta de abusar de sua posição de conforto para testar os limites do professor, até onde ele é permissivo, até onde ele sabe, até onde ele vai...
Digo isso porque nesse período já ouvi ofensas de alguns e os mesmos alunos depois vieram me pedir para ajudá-los, me deram bala, doce, refrigerante (!). Uma aluna que me chamou de chato, venho pedir auxílio em leitura num tempo vago que ela poderia muito bem ter ido embora ou ter ficado no pátio brincando, outra aluna que me chamou de mentiroso (porque não liberei mais cedo) recentemente venho falar comigo sobre a família, sobre o namorado e perguntar o que eu achava do comportamento dela, que ela sabia que estava falando muito, mas ia melhorar...
Um aluno que me chamou de folgado (porque pedi para guardar o celular que ele usava na sala), me cumprimentou e foi se sentar do meu lado num dia inteiro para que eu ensinasse-o a ler um livro, pois não estava conseguindo.
Na maioria das vezes, toda a agressividade das atitudes são formas mal resolvidas de se expressar. Não deve-se nunca ser sensível demais e considerar as opiniões negativas como o fim, nem muito arrogante para desconsiderar qualquer opinião. Não há fórmula pronta! É tentativa e acerto....sempre.

UM PROFESSOR NÃO PODE ABRAÇAR O MUNDO. É uma frase meio desconfortante, alguns pensarão "mas é claro que pode! um professor pode abraçar o mundo, mudar toda uma sociedade". Não, não pode. Um professor pode abraçar uma pessoa, mudar uma sala, mas não o mundo. Então quando o aluno traz problemas familiares, sociais, pessoas...deve-se ter paciência e saber até que ponto é possível ir e que a partir dali, o poder do professor fica restrito.
Por exemplo: se um aluno chega todo revoltado porque vive numa área de pobreza, enfrenta violência diariamente, tem pais ausentes...o que o professor pode fazer? Mudar a área onde ele vive? eliminar a violência da comunidade? Exigir comprometimento dos pais? O professor pode (e deve) conscientizar o aluno sobre seus direitos e deveres, sobre quais influência ele deve e quais não deve seguir e fazer com que ele assimile conhecimento, desenvolva o senso crítico e tenha ferramentas necessária para se tornar um cidadão pleno e um futuro profissional honesto e sério. Mas e se esse aluno não absorve nada disso, se ele some da escola, se envolve com a criminalidade...foi então o professor que errou? a sociedade que o discriminou? o governo (sempre ele) que não o amparou? Não! Foi aquele aluno que tendo o livre arbítrio como qualquer pessoa teve os dois caminhos a sua disposição e optou pelo mais fácil, que quase sempre é o errado.

A ESCOLHA PELO CAMINHO ERRADO NÃO É UNANIMIDADE.
O tópico anterior puxa esse aqui. O velho papo de que "não tive oportunidades suficientes" é bom pra declarações sentimentalistas de pobres coitados! Há exemplos em nossa sociedade de pessoas com estilos de vida idênticos, vindo de origem semelhante, com ausência familiar igual e que mesmo assim conseguiram se tornar cidadãos de bem, enquanto outras desistiram. Alguns professores marcam vidas, outros passam batidos...mas se o aluno não tiver vontade de mudar, de correr atrás, de ser alguém melhor, ninguém fara isso por ele. E o professor jamais deverá sentir culpa pelos erros na vida de sua turma, ele precisa ter a postura confiante de que está fazendo o melhor que pode, se isso vai atingir a todos ou não, é outra história.

CONFIANÇA NO TRABALHO QUE FAZ É A CHAVE PARA O SUCESSO!
Esse título parece início de capítulo de livro de autoajuda, mas a ideia é essa: ou você faz um trabalho decente ou não faz nada. E se não fizer nada não poderá reclamar depois das frustrações na carreira. Foi uma escolha sua!
No estágio conheci todo tipo de professor: os gentis, os grossos, os frustrados e os apaixonados pela profissão, os pessimistas, os otimistas...enfim, há todo tipo de gente dando aula.
Conheci professores, que não sei ao certo quais matérias dão, mas são gentis, tranquilos, estão sempre rindo, me cumprimentam sempre também, perguntam se estou gostando da escola, compartilham ideias, sugerem propostas de aula e mesmo os que não falam comigo, mantêm uma postura profissional, chegam tomam seu café, corrigem suas provas, são educados e se relacionam muito bem com os alunos.
Por serem boas pessoas isso se reflete nos seus trabalhos, logo, se sabem o que estão fazendo, qual a finalidade, porque e por quem estão ali, já é meio caminho andado para o sucesso.
Há também os professores estressados, reclamões, que estão sempre com dor de cabeça, esses são a minoria, mas ainda existem. Parece que em algum lugar no percusso perceberam que ensinar não era pra eles, mas ao invés de mudarem de profissão, se acomodaram e ficaram lá, entregues a monotonia, pedindo aos dias que passem e os deixem...são bons professores? Não sei.
E há a professora que dá aula na turma que estou, essa merece um parágrafo a parte. É sem dúvida uma das pessoas mais legais que conheci esse ano, simpática, humilde, me ajuda o tempo todo, às vezes ouvindo minhas asneiras, às vezes dividindo opiniões sobre a turma e estratégias para ajudá-los. Tem uma paciência gigante e embora a turma seja muito complicada de se trabalhar, nunca a vi com raiva, no máximo, ao final da aula, um suspiro e um comentário irônico. Uma das peças-chaves que motivou meu interesse pela educação depois que comecei a estagiar foi o que tenho visto diariamente aquela professora fazer. Um trabalho difícil, mas nunca um mau trabalho.

[Fecho aqui então a retrospectiva de meu aprendizado, postarei ainda essa semana as considerações finais e meus planos de retomar o blog ou modifica-lo....isso fica pra depois!]

2 comentários:

Língua viva - Duque de Caxias disse...

Fiquei impressionada com as reflexões acerca das suas experiências durante o estágio.Elas indicam o futuro profissional que será. Comprometido, íntegro, mas sobretudo, um ser humano atento às questões que vão além da educação.

Ledinalva

Nat* disse...

sem querer cai no seu blog, mas adorei. Parabéns.Concordo plenamente com suas palavras. O seu sucesso está garantido.

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