quarta-feira, 9 de junho de 2010

Atualizações rasteiras

Como me comprometi a atualizar esse espaço initerruptamente até fechar o 30º dia, às vezes é incomodo deixar passar um dia e não escrever nada. Não que alguém vá perceber, porque embora o Google Analytics diga que o blog tá sendo lido regularmente por um certo número de anônimos, a falta de comentários me estimula a ser preguiçoso com os relatos. Vamos lá:

[16º Dia] - 07/06/2010
O retorno após o mega feriadão. Os alunos estavam preguiçosos, muitos reclamando (sempre) do excesso de dever. A professora começou distribuindo um envelope com letras para que formassem palavras e colassem no caderno. Esses envelopes foram usados a quase um mês, e embora pouca, mas já consegui perceber alguma evolução, ou melhor, uma perda do "medo de errar" de alguns, estão ficando mais confiantes e isso é muito bom, porém se deixar por alguns segundos de estimulá-los, incentivá-los, voltam ao estado de baixa autoestima e agitação, é um processo persuasivo, mas que está se mostrando efetivo... numa velocidade lenta, mas está!
Conversei com a professora sobre o dia que fiquei sozinho com eles, mostrei os exercícios que fizeram, ela achou interessante e disse que não era pra levar tão a sério as críticas, disse que certos dias ela chega correndo, com toda a preocupação para não deixa-los na mão e quase nenhum deles reconhece o esforço. Com o tempo vou ficando mais confiante e menos dependente do julgamento dos alunos, mas demora um pouco!

[O dia do meio] 08/06/2010
Terça-feira, dia que vou para monitorar alunos em outras turmas. Foi produtivo, é bom variar um pouco o espaço e os rostos. O que valeu desse dia foi à conversa com a professora de Ed. Física. Próximo da hora da saída passei na sala da turma que estou regulamente e lá estava ela apenas com dois alunos. Enquanto eles montavam uns blocos, nós conversamos sobre a loucura que uma sala de aula pode se: ela me contou sobre mãe de aluna que entrou em sala pra espancar outra aluna, contou de alunos que brigaram com gilete do apontador a ponto de um sair com o braço sangrando retalhando, contou de casos de polícia e de tudo que poderia acontecer em um circo, em uma penitenciaria, num hospício ou numa feira, mas invariavelmente acontece na escola. Foi um papo divertido e bom também pra relaxar em relação às neuroses que estava sobre a crítica da aluna na semana passada. Essa mesma aluna estava lá e me elogiou, depois criticou, depois xingou a professora e disse que gostava dela, tudo assim, no mesmo minuto. A professora achando graça disse que fulana era bem assim, da "pá virada" e pra não me encucar com os comentários porque o lance deles é ser do contra, então só ratifiquei o que já venho observando. Aluno gosta de reclamar! A menina reclamou porque eu dei pouca matéria no quadro da última vez e reclamou hoje quando tinha texton o quadro... vá entender. Fiquei mais tranquilo, o sinal tocou e o dia lá acabou.

[17º Dia] - Hoje.
Cheguei um pouco atrasado. Essa semana de provas, apostilas, trabalho pra fazer, trabalho pra entregar, to ficando enrolado com os horários, mas sobrevivendo. A professora estava lendo a apostila de poesias. Achei estranhíssimo o comportamento deles: todos quietos! Pensei que ela tinha brigado com a turma antes de eu chegar, mas nem foi isso, foi só uma daquelas situações misteriosas onde não se entende, só se aceita. A turma estava quieta, prestando atenção, durou quase 1 hora e depois seguiu a algazarra de sempre.
Entre uma correção de dever e outra, fui circulando pelas mesas, vendo como tava o progresso, ajudando nas dúvidas e ignorando as bobeiras.
Uma aluna (aquela que me criticou) trouxe um livro e pediu para que eu lesse com ela. Sem ressentimentos então, sentei do seu lado e fui ajudando-a na leitura, logo chegou um aluno que ficou olhando e também se sentou para ler. Essa dupla é a mesma que comentei alguns posts atrás, eles quase não se falam durante as aulas, sentam longe, tem aspectos totalmente diferentes de comportamento, mas nesse momento, com um livro, os dois se juntam e tentam entender as frases, associar com as figuras...é uma das melhores partes do dia quando vejo que eles estão realmente se esforçando (e gostando) pra aprender e não apenas enrolando.
É claro que não posso acreditar na mudança repentina prolongada, ela não existe. Depois da leitura a turma foi liberada para o recreio e na volta esses dois já estavam brigando, xingando, com brincadeiras de mau gosto e desrespeitos, hão de mudar... quando? Espero que até o final do ano, a menina já percebeu que eu fecho a cara diante das bobeiras dela e está mudando, espero uma conscientização geral. Esperar demais? Que seja!


Imagem: desenho Os Simpsons. Será que se escrevessem duzentas vezes no quadro "não vou xingar mais a mãe de meu colega" surtiria algum efeito prático?

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