quarta-feira, 30 de junho de 2010

Demonstrações de aluno

[27º Dia]
As aulas hoje foram tranquilas com reforço de leitura, escrita e correção de alguns exercícios, então para não ser repetitivo, ao invés de descrever o dia, decidi escrever um pouco sobre a observação de um aspecto do universo escola.
*
Depois de um feriadão de 4 dias devido a Copa a turma voltou bem agitada. Quando se enfrenta uma turma não se pode sempre ter a visão romântica de que você chegará na sala e os alunos te receberão com um "boa tarde!" caloroso ou um mero sorriso de concordância com a sua presença.
Não sei se eles tem dificuldade em demonstrar ou se não estão nem ai. Fico com a primeira opção. É preciso ter muita cautela na observação e nunca, jamais, levar pro lado pessoal críticas ou "caras feiras". Um aluno que passa quase 1 hora fazendo um exercício contigo do lado, pode, logo após o recreio, te olhar torto e, às vezes, até xingar. A conquista da confiança de uma turma é um trabalho de muita paciência, se já é assim com apenas uma pessoa, o que dirá com várias de todos os tipos.
Tento ver a relação que tenho com os professores na faculdade e emular para a relação que tenho com os alunos na escola. No começo, quando a aula no estágio acabava, eles saiam correndo da sala, nem um "tchau!" eu recebia ou quando passava por alguém na entrada, poucas vezes recebia um cumprimento, ficava meio frustrado e pensando aonde é que errei para não cativá-los o suficiente a ponto de falarem comigo naturalmente.
Depois fiquei pensando, "eu me despeso de todos os meus professores quando termino de assistir uma aula?" a resposta é não! Na verdade acho que raramente me despesso de algum, e isso não quer dizer que eu goste menos de uma aula ou de outra, só quer dizer que saio de uma aula já pensando na próxima ou na pressa de ir embora pro estágio. Mesma situação quando passo por um professor no corredor, às vezes fico sem graça de cumprimentá-lo, enquanto penso "falar ou não falar" ele já passou e quase sempre saio da última aula do dia meia hora antes dela terminar para ter tempo de almoçar antes de pegar a turma. Todos esses indícios poderiam levar um professor sensível a supor: "Dei aula para fulano o semestre inteiro, agora ele passa por mim  e nem diz um 'oi'!" ou  "poxa...minha aula está tão ruim que fulano precisou sair no meio?"
A verdade é que se enxerga o que se quer, não se pode ser muito radical e ver cada ato ou frase de um aluno como afronta ou desdém, nem também achar que sempre se é o dono supremo da razão e se os alunos não o aceitam, azar o deles. Nem tão ao céu nem tão a terra.
Alguns alunos são mais atenciosos e é perceptível que tentam suprir uma carência familiar com a figura do professor, já que em casa, muitas vezes, não têm uma imagem de autoridade, outros podem até ser carentes também, mas exteriorizam isso se definindo como independentes, não precisando de nada e ninguém, é o modo de defesa e de encarar o mundo que cada um conseguiu desenvolver.
Cabe ao bom educador reconhecer com sabedoria todos os sinais e todas as informações que o aluno traz, o melhor caminho para isso é realizar um trabalho consistente, planejado e sério, se não se pode agradar a todos, pelo menos deve-se tentar da melhor maneira possível.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Copyright © 2010 ESTAGIORAMA. All rights reserved.
Blogger Template by
BlogBlogs.Com.Br