quinta-feira, 6 de maio de 2010

2º Round

[2º Dia]
Terça não teve aula e quarta foi uma reunião de professores que promoveu um passeio pelos arredores do colégio. O passeio foi bacana, pois pude conhecer um pouco mais do centro do Rio de Janeiro, assim como o corpo docente. Vi que eles são um grupo bem diversificado, mas a maioria pessoas de bem, muito receptivas e simpáticas. Professores nada mais são que alunos crescidos que decidiram ensinar outros alunos mais novos. Os papos são, guardada as devidas proporções, os mesmos, as brincadeiras e sacagens bem parecidas, ou seja, toda aquela aura mítica que possivelmente ainda guardava foi a baixo com essa relação mais próxima deles! Proveitoso!

Meu segundo dia na turma foi melhor do que o primeiro. Cheguei e a aula já tinha começado a alguns minutos e a professora estava concluindo alguns deveres da apostila. Dei boa tarde e disse que diferente de segunda-feira, quando fiquei só olhando, hoje iria ajudá-los diretamente, com apoio para dúvidas, na correção de exercícios e o que mais eles precisassem.
Durante a resolução pelos alunos dos deveres, ao invés de um auxílio genérico para todos, dei individualmente uma ajuda mais precisa . Parei em várias carteiras e com paciência fui atendendo o que me questionavam.
Além é claro da  falta de concentração que já tinha percebido no primeiro dia, outro grande problema que salta a vista é a baixa autoestima de alguns alunos, muitos tem medo de errar e por isso nem tentam, outros escondem sua fragilidade atrás de gritos, bagunça e certos desaforos. Eu os entendo.
Procuro sempre olhar a todos nos olhos e usar uma linguagem não muito superior, mas também evitando gírias e palavras que os façam não ter respeito por um estranho jovem que chegou sem mais nem menos querendo por ordem na casa. Não é assim!
Depois do intervalo, da conversa rápido na sala dos professores (aquele antro pagão, onde tudo acontece!), na volta pra turma, como da última vez, percebi a evasão de muitos. Contei 14 hoje na entrada, restava pouco mais de 8 na volta.
A professora liberou os alunos, eu estava me preparando pra ir também, ajeitando as cadeiras e ouvi um aluno dizer para mim da porta: "obrigado pela ajuda no dever hoje, professor!" . Gostei do que ouvi. Agradeci o agradecimento e ele foi.
Professor? Mas onde? Inevitavelmente eles já me chamam assim, alguns ainda usam o "o, moço!", mas acredito que se tivesse escolha, optaria pelo primeiro.
Ainda está tudo muito recente, eu sei bem disso, mas só de poder olhar pra qualquer um deles, ver que precisam de ajuda numa questão tão primária quanto complexa que é a alfabetização, que confiam no que vou dizer e se esforçam pra melhorar, isso pra mim é incrível! Talvez não fique rico sendo professor, nem a sociedade valorize tanto, mas embora não tenha certeza plena do que virei a fazer da minha vida no futuro, a sensação que tenho nessa turma me faz acreditar de alguma forma que estou no caminho certo.

Foto: Indiana Jones (a paisana). Se for pra ser um professor mesmo, que seja um fodão igual ao Henry Jones Junior. Que ensina arqueologia e ainda tem tempo  pra achar a Arca Perdida (!)

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