quarta-feira, 26 de maio de 2010

As cobranças

[13º Dia]
Reunião de pais. Quando cheguei a aula já estava correndo,a primeira coisa que um aluno me perguntou foi "você vai falar bem de mim, tio?". Disse que falaria o necessário e ele me olhou torto. Paciência.
Mesmo com a reunião hoje a aula correu normalmente, fiz uma lista com os níveis de desenvolvimento da turma e entreguei para a professora, para ajudá-la na conversa com os responsáveis, apontando as necessidades específicas de cada um.
Enquanto ela foi, eu fiiquei com a turma por uns 40 min. e percebi que minha maior dificuldade até agora nem é lidar com eles, porque a relação com os alunos já está tranquila, meu problema é que não tenho noção de tempo dentro da sala de aula, penso que já se passou uma hora e na verdade só correram 20 min, é preciso mais prática pra poder aprender como segurar a atenção deles por um período longo de tempo.
A aula em si foi aquela bagunça de sempre: todos querendo ir beber água a todo tempo, os alunos inseguros de sempre que só vão pra frente se eu ficar do lado acompanhando, os bagunceiros que terminam rápido e atrapalham os outros e os que nem fazem nada e também atrapalham. Normal. Prossegui com a tarefa da apostila de poesias que estavam fazendo e depois distribui uma folha com exercícios de leitura de frases.
O que me deixa puto não é o atraso deles, porque eu saberia que seria assim e gosto muito do que faço ali, gosto de ajudá-los, ver seu progresso, sua cara de confiança perante um dever que julgavam não ser capaz de fazer, o que me chateia é a total falta de maturidade de alguns para o motivo daquela turma. São, em sua maioria, jovens com sérios problemas de alfabetização e que precisaram ser retirados do ciclo normal para  ficar de segunda a sexta (menos terça!) tendo aula SÓ de português.
Muitos copiam descaradamente o resultado do caderno do colega, e me mostram com a maior cara de pau o dever todo feito, peço então para que leiam a primeira linha do que está escrito, não sabem. Do que adianta um caderno cheio e nenhum conhecimento na cabeça? Temo que com as broncas e chamadas de atenção passem a me hostilizar, e a rejeição, seja em que situação for, é sempre muito ruim, mas entendo também que estou fazendo um trabalho da melhor maneira possível que consigo: lendo bastante sobre esse quadro de ensino, elaborando vários deveres pra levar, conversando com a professora sobre como podemos otimizar a turma....se por ventura eles vierem a me achar exigente demais e se revoltarem, será chato, mas de tudo alguma coisa fica e se eu for lembrado como "aquele que exigia muito e pegava no pé para que estudássemos" ao invés do "cara que apareceu de repente e não nos ajudou em nada" pra mim valerá a pena manter a postura de cobrança, quer gostem ou não.

Foto: Filme Nascido para Matar. "Vamos turma!! Ou vocês se esforçam mais pra ler isso direito ou não tem recreio hoje!!"

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