quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Dia Depois de Ontem

[5º Dia]
Tirando o primeiro dia, hoje foi o que fiquei mais ancioso. Queria saber qual seria a reação da turma a minha aula de ontem, o que diriam a professora sobre mim, enfim, como me julgariam. Mais uma vez a preocupação por antecipação não serviu de nada, todos estavam do mesmo jeito: às vezes quietos, as vezes desordenados, um dia típico.
Percebi que gostam muito de copiar coisas do quadro, embora alguns copiem sem saber o que escrevem, o fato de "encher caderno" pra eles é muito importante e o exercício de copiar um texto deixou-os em total silêncio por quase meia hora. Um feito e tanto!
A professora seguiu explicando a estrutura de um texto, a pontuação, espaçamento, e depois seguiu para alguns exercícios de matemática na apotila. Um parênteses aqui: Por ser uma turma focada em alfabetização, matérias como matemática, geografia e história ficam de lado, então a professora tenta introduzir esses assuntos durante as atividades. A aula seguiu tranquila (e aqui tranquila é usada no sentido de "não em total caos") ajudo alguns e passo de mesa em mesa vendo como tá o desenvolvimento deles
Durante o intervalo expliquei como foi o dia de ontem, as dificuldades, as sugestões e ela muito atenciosa ouviu tudo. Alguns professores que estavam perto se integraram na conversa, dizendo que é assim mesmo, que os alunos "sugam" todas as energias do professor, mas que com o tempo se aprende a lidar com isso, outros elogiaram minha coragem de pegar uma turma (que hoje fiquei sabendo, é a pior da escola!) logo de cara...depois de um dia tão desgastante esse papo foi ótimo pra me acalmar um pouco em relação a minha real função ali.
Na volta pra sala, estava acontecendo uma briga entre dois alunos, tentaram intervir, um quis jogar uma cadeira no outro, outro ameaçou o um de morte, disse que já foi preso e sabe que menor fica pouco tempo detido, então valeria a pena. Uma situação difícil, foi preciso chamar o diretor pra intervir e levá-los para fora, vez ou outra essas demonstrações de violência extrema aparecem, seja em ações ou palavras e infelizmente vai se acostumando com o inevitável.
A aula termina as 17h, os alunos se despedem, pelo visto nenhum ressentimento ficou das chamadas de atenção que dei ontem, um agradece as ajudas de hoje, outro me dá uma figurinha do Dragon Ball, que colei no celular, me despesso de todos e mais um dia termina.
É visível que apesar de todo esforço, muitos ali estão bem atrasados e dificilmente conseguirão concluir o programa e que outros não tem noção do prejuízo futuro que terão por não se dedicar agora, mas é a velha história: apesar de tudo, por alguns, vale a pena insistir.

Desconfio de que deve haver pelo menos uns seis Manolitos naquela turma.

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